A história conhecida do povo Yoruba
O começo da história do povo de fala Ioruba nada é conhecido exceto o que pode ser pescado de relance da "Historia de Daomé" de Dalzel datado de 1793 . Do qual parece que no começo do século dezoito todas as diferentes tribos eram unidas e foram governadas por um Rei que residia na velha Oyo , algumas vezes chamado Katunga . O reino chamado Ioruba também parece ter sido mais poderoso que os outros dois grandes reinos africanos : Daomé e Ashanti . Entre 1724 e 1725 o rei de Ioruba aderiu a rixa do rei de Ardra , cujo reino tinha sido derrotado por Daomé, e enviou um grande exército constituído principalmente de cavalaria , por uma estratégia os Iorubas foram desviados e o rei Daomé então diplomaticamente apelou por paz a qual foi garantida . Mas por volta de setembro de 1728 uma nova querela apareceu desta vez no interesse do rei de Whydah e o exercito Ioruba novamente invadiu Daomé e uma guerra sem propósitos durou até 1730 quando mais uma vez foi feita a paz . Em 1738 outro exército Ioruba invadiu Daomé derrotou o rei e capturou e incendiou Abomé (capital de Daomé) , Kalia e Zassa e daquele tempo em diante os Iorubas anualmente invadiam Daomé saqueando atacando o país e retirando-se novamente no começo das chuvas, esse estado de coisas chegou a um fim por um tratado de paz em 1747 pelo qual o rei de Daomé submetia-se a pagar um pesado tributo anual ao rei de Ioruba .
Depois disto não ouvimos mais falar de Iorubas na Historia de Daomé por Dalzel, cuja história é somente estendida até 1791 , exceto que em 1786 eles interferiram para evitar que Daomé atacasse Porto Novo. Mas o tributo parece ter sido pago até os dias do rei Gezo de Daomé ( 1818 ) .
O governador Dalzel informa-nos contudo que quando o Oyos [2] ( Iorubas) estavam insatisfeitos com o rei eles mandavam uma delegação para ele com ovos de papagaio e uma mensagem que eles consideravam estar o rei muito cansado com os afazeres do governo e que já era hora dele descansar e tirar uma pequena pestana. Assim que recebia esta mensagem o rei retirava-se para seus aposentos como se fosse para dormir e dava instruções para suas mulheres para estrangularem-no, o que elas concordavam fazer. Em 1774 o rei de então recusou receber a sugestão e devolveu os ovos de papagaio. Os chefes tentaram manter o costume a força então o primeiro ministro Ochemi liderou uma rebelião, sendo entretanto derrotado Ochemi e toda sua numerosa família foram executados.
A razão de termos tão escassa informação sobre este grande Reino do Oeste Africano é que os Iorubas não habitavam territórios da faixa litorânea . As tribos Ewe ocupavam a faixa do mar até no extremo oeste em Badagry e as tribos de Benin a porção de Badagry até Benin , de fato as tribos de Ewe tinham se espalhado ao longo da Costa de oeste para leste e as de Benin de leste para oeste até o ponto em que se encontravam e cobriam toda a parte frente mar de cujo território os Iorubas ocupavam o interior. Esta omissão por parte dos Iorubas de se expandirem em direção ao mar pode ter sido parcialmente devido à supertições. Relatos de Dalzel dizem que o "feitiço dos Iorubas era o mar " e que eles e seu rei eram ameaçados de morte por seus sacerdotes se ousassem ver o mar . Mercadores de escravos e outros que freqüentavam a Costa dos Escravos durante o ultimo século ( século 18 ) não entraram em contato com os Iorubas , consequentemente ouvimos senão muito pouco deles. Enquanto a literatura sobre os Ashanti e Daomé é ampla , os quais igualmente ao Ioruba eram povos do interior porém com as invasões dos reinos da Costa trouxeram-nos em contato com o Europeu .
Tanto o quanto pode ser apurado a principal força Ioruba é a sua cavalaria a qual é dita ser em numero de 100.000. Um real exagero por que os cavalos nunca foram numerosos em algumas regiões do oeste da África onde era possível eles conseguirem viver. Os relatos sobre os números da cavalaria, atingiu os mercadores através das tribos da Costa que não possuíam cavalos e que eram sem duvida muito impressionados pelo espetáculo proporcionado por alguns grupos de cavaleiros.
Segundo uma tradição o método utilizado para determinar o numero de cavaleiros necessários em uma expedição militar, era colocar um couro de boi cravado no chão em frente a tenda do chefe militar , e assim então feito cavalgar os guerreiros sobre o couro quando então tivesse sido feito um buraco no couro estaria determinado o numero de cavaleiros necessários para uma campanha militar ordinária e para operações mais sérias dois couros eram colocados um sobre o outro.
Embora como nós sabemos através da História de Dalzel Ioruba ou Oyo era um poderoso Reino pelo menos por volta de 1724.
A história tradicional Ioruba nos leva não muito além do que final do século 18 , um fato que mostra que uma pequena confiabilidade pode ser colocada em tradições de nações que desconhecem a arte da escrita.
O primeiro rei de quem cronistas e historiadores tem conhecimento é Ajagbo que parece ter reinado logo após 1780 cujo nome é preservado em frases métricas as quais fixam o rítimo da percurssão ogidigbo como segue: Gbo, Ajagbo, gbo oba gbo, ki emi, ki osi gbo.(1)
Nos dias de Ajagbo o reino Ioruba consistia de quatro grandes estados :
Ioruba propriamente cuja Capital era a velha Oyo e era situada 90 milhas ao norte da atual cidade de Oyo . O rei deste estado governava todas as outras tribos de língua Ioruba, e seu título era Alafin ou Alawofin literalmente traduzido como aquele que possui a entrada do palácio.
Egba estado político que fica a sudoeste de Ioruba , sua principal cidade é Ake e seu chefe Alake , aquele que possui Ake .
Ketu estado político que fica oeste de Ioruba , sua Capital é Ketu , daí o nome de seu chefe " Alaketu" ou seja aquele que possui Ketu .
Jebu que fica ao sudeste da propriedade Ioruba era dividido em Jebu remo e Jebo ode, cada um tendo seu próprio chefe mas o governante de Jebo ode intitulado Awujale era considerado o governante geral de Jebo .
Os governantes de Ioruba , Egba , e keto intitulavam-se um ao outro " Irmão".
Abiodum sucedeu Ajagbo, é dito ter gozado um longo e pacífico reinado, tanto que o reinado de seu irmão e sucessor Arogangan dificilmente teria começado antes de 1800. Foi durante o reinado de Arogangan, que o reino Ioruba começou a dissolver-se. Os fulas (fulanis) , ao que parece devastou o território dos haussas e mais tarde empurrado em direção ao sul , procurou refúgio nas províncias nordeste de Ioruba. Arogangan apontou seu sobrinho Afunja governador de Ilorin província do nordeste que continha um grande número de refugiados haussas e desta forma, Afunja sendo ambicioso concebeu o projeto de utilizar os haussas com o fim de destronar o seu tio e fazer de si mesmo o Alafin . Seu plano amadureceu e ele liderou uma conspiração que foi bem sucedida , pois Oyo foi sitiada e Arogangan buscando evitar cair em mãos de seu sobrinho envenenou-se. Mas Afunja não foi hábil em manter-se no trono e juntamente com os mais velhos de Oyo elegeu para monarca Adebo o irmão de Arogangan e Afunja teve que retirar-se para Ilorin onde ele manteve uma semi independente posição. Estes eventos acredita-se que tenham acontecido por volta de 1807 e foi por volta deste mesmo tempo que alguns Iorubas empurrados para o sul colonizaram Lagos. O primeiro chefe de Lagos tinha o nome de Ashipa é dito ter pertencido a família do Alafin.
Adebo só reinou por quatro meses e morreu subitamente de onde supõe-se que ele foi envenenado. Ele foi sucedido por Maku que se esforçou para progredir contra as tribos maometanas que estavam agora fazendo pressão a partir do Norte mas ele foi derrotado em uma grande batalha e cometeu suicídio após um reinado de aproximadamente três meses . Um intervalo agora segue onde as entranhas do poder são mantidas pelo Oba-shorun ou seja primeiro ministro e assim transcorreu por cinco anos até que um novo rei chamado Majotu foi eleito.
Majotu reinou por sete ou oito anos e então cometeu suicídio, o motivo diz a tradição foi o mal comportamento do seu filho. E então foi sucedido por Amodo.
Afunja desde 1807 permaneceu com a posse de Ilorin, onde ele tinha buscado fortalecer a si mesmo encorajando maometanos a estabelecerem-se na província e por volta de 1825 , enquanto Amodo estava ocupado com as invasões das tribos do norte ele novamente fez guerra contra Ioruba, capturou e destruiu inúmeras cidades e estava prestes a conquistar tudo quando por alguma razão que nunca transpirou ele foi conduzido de volta para a cidade de Ilorin (por aqueles mesmos mercenários haussas, através de cuja ajuda Afunja esperava tornar-se Alafin) e queimado vivo publicamente.
O partido maometano tinha por alguns anos sido dominante em Ilorin , e agora declarava que não reconheceria mais um Rei pagão, e elegeu um maometano para o poder supremo e endureceu as relações com Ioruba.
Ilorin agora assumia a liderança da invasão islâmica de Ioruba que parece ter sido invariavelmente derrotado por maometanos. em 1830 quando foi visitado por Lander , a velha Oyo era ainda capital de Ioruba, mas entre 1833 e 1835 foi capturada e destruída por maometanos . Os Iorubas fugiram em direção sul e fundaram a atual capital Oyo noventa milhas ao sul da antiga capital.
Os Egbas tirando vantagem da derrota dos Iorubas declararam-se independentes . Mas os Iorubas logo que se estabeleceram no novo território atacou-os com vigor e obrigou-os a retirarem-se para suas cidades do norte . Uma guerra insana prolongou-se até por volta de 1838 , quando os Egbas abandonaram seu território e mudaram mais para o sul fundando sua atual capital Abeokuta. A nova cidade foi dividida em vários bairros diferentes ou municipalidades de acordo com um igual numero de cidades que tinha sido destruído pela guerra e uma delas, Ake ainda preserva o antigo nome da capital de Egba.
Embora estes eventos tenham ocorridos tão recentemente eles já estão revestido de mitos e Lishabe o chefe que conduziu o povo para estabelecer-se em Abeokuta é considerado pelo povo Egba como sendo um gigante ou um semi-deus .
Na mesma época Ibadan , uma cidade da velha província de Egba , situada a trinta e cinco milhas ao sul de Oyo , declarou-se independente de Egba . Os habitantes originais de Egba tinham sido expulsos por Jebus e mais tarde estes por seu turno expulsos por refugiados Iorubas .
Outras separações ocorreram e por volta de 1840 o reino Ioruba repartiu-se nos seguintes estados independentes :
(1) Ioruba ao sul da velha Ioruba , capital Oyo .
(2) Egba ao sudoeste da velha Egba , capital Abeokuta.
(3) Ketu.
(4) Jebu.
(5) Ibadan um pequeno estado ao sul de Oyo , possuiam uma nominal fidelidade ao Alafin por serem seus habitantes Iorubas refugiados , porém eram realmente independentes.
(6 ) Ijesa um pequeno estado ao sul de Olorin seu governante era intitulado Owa .
( 7) Ife uma pequena cidade ao sudoeste de Ijesa . O governante era intitulado Oni .
A antiga província Ioruba de Ilorin era agora habitada por fulanis, Bornus e Hausas e dizia-se ter a população de 300.000 pessoas das quais 80 mil viviam na cidade de Ilorim , os fulanis eram a raça dominante e o governo estava em suas mãos.
Logo após 1840 as tribos Ekitis como foram mais adiante chamados , isto é os habitantes de várias cidades que ficavam entre Ibadan e Ijesa e o território vizinho do sul formaram uma confederação o qual foi logo unida a Ife e Ijesa e mais tarde foi eleito o governante chefe da confederação . Os maometanos de Ilorin foram os primeiros a alarmarem-se com esta coalizão e atacaram os confederados destruindo e anexando várias cidades , enquanto Ibadan logo acompanhou o jogo e depois de um tempo foi bem sucedida em conquistar e anexar Ijesa. O resultado destes vários conflitos é que a federação foi completamente conquistada , uma parte submetendo-se as regras de Ilorin e a outra submetendo-se a Ibadan. Logo em seguida contudo os habitantes das cidades que tinham sido anexadas a Ilorin, solicitaram assistência de Ibadan e logo começou outra guerra que resultou na expulsão de Ilorin e o estabelecimento das regras de Ibadan sobre toda confederação Ekiti. Isto foi por volta de 1858.
Enquanto estes fatos aconteciam no interior, Lagos que como já vimos foi colonizada por Iorubas no começo do século tinha si tornado notório como um “mercado de escravos” . A guerra do norte que tinha se tornado incessante desde a rebelião de Afunja por volta de 1807 , tinha resultado na captura de milhares de prisioneiros de guerra de ambos os sexos e todas as idades eram os despojos de guerra, além disso os homens de pouca importância local e as mulheres pouca atrativas eram de acordo com a prática vigente vendidas para os mercadores de escravos . Lagos era o porto mais conveniente e estas pessoas eram levadas em grupos para esperar por embarque. Este tráfico de escravos que trazia para Lagos tanta notoriedade começou por volta de 1815 e logo obteve rápido crescimento.
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