Por Luiz Argôlo.
Comecei a tradução deste livro por achar importante, no sentido de esclarecer um pouco sobre a etinía ioruba já que esta foi bastante importante na formação do povo brasileiro, e em particular de forma mais importante a do povo baiano. É uma tradução direcionado para estudiosos, historiadores, sociólogos e até mesmo curiosos, não me furto aqui de tecer comentários pois com o passar dos anos descobrí que o brasileiro é bastante desinformado quanto a sua origem, algumas vezes preconceituoso e desrespeitoso em relação aos seus ancestrais, diria mesmo nossos avós, quer sejam portugueses, africanos ou ameríndios. Outras etinías européias e asiáticas que formaram o Brazil, sofrem menos de preconceito embora o grau de desinformação seja o mesmo.
Vou tentar aqui desenvolver uma defesa destes povos baseado nas principais acusações e ofensas perpetradas contra eles. O que pesa contra os portugueses (o mesmo vale para os espanhóis) é principalmente o fato de que em período menor os inglêses fundaram uma colônia que veio tornar-se a maior potência nos nossos dias enquanto o sofrível Brasil da mesma forma que outros países latinos não conseguem deixar o seu lugar no terceiro mundo. Cada casta de estudiosos tem uma visão diferenciada para o fenômeno, embora nenhuma delas por si só apresente uma explicação plausível, tambem cometemos um êrro de avaliação muito grande quando tentamos avaliar a história de outras épocas com o moral dos nossos dias, para este fato Pierre Verger já chamava atenção em seu livro "Os libertos".
Porém o que tenho a dizer em favor dos portugueses é muito simples, primeiro creio que na época das grandes navegações, Portugal se encontrava entre os países mais avançados do mundo em muitas coisas primeiro; ciência da navegação marítima pois singravam os mares como ninguém, segundo; eram avançados também na arte do comércio pois não se intimidavam com obstáculos e quando a questão era comércio transpunham mares, oceanos e continentes, e também extremamente competentes na arte da administração política, pois um país pequeno recém formado, e com uma pequena população foi capaz de manter seu domínio em uma imensidão territorial como o Brasil, a despeito das invasões de outros países considerados avançados e poderosos, tal como França, Holanda, e em alguns momentos vençeu querelas territoriais com a Espanha. A respeito disso podemos dizer que Portugal não só manteve domínio sobre esta imensidão territorial como tambem aumentou em quase o dobro o tamanho original de sua fatia do novo mundo ultrapassando a linha do tratado de tordesilhas. Outra bobagem que custumava ser ensinado nas escolas é que o sistema de Capitanias Hereditarrias foi um fracasso e que não deu certo . Ao meu ver ( ver conceitual) as Capitanias Hereditárias deu certo pois ela cumpriu seu papel, que era o de iniciar uma colonização no Brasil imenso, se o início da colonização fosse praticada somente pelo estado português seria tão despendioso como talvez impraticável, então nada mais justo do que envolver a nobreza de portugal com os seus recursos financeiros, a igreja com o seus recursos humanos, e os outros aliados ( detentos e plebe), muitos nobres desistiram e outros sequer pisaram os pés aqui porém aqueles que assumiram a tarefa, foram suficientes para iniciar a colonização e quando Portugal finalmente instituiu o Governo Geral já tinhamos aqui várias povoações e porque não dizer um pouco sarcásticamente "tinha o que governar".
Porque o sarcasmo? Quando os portugueses chegaram ao Brasil encontraram vários povos indígenas formando nações, e estas podiam ser determinadas por identidade de línguas e costumes, porém lhes faltava uma forma aglutinadora conhecida como "Poder Central" sem o qual ficou fácil a colonização portuguesa pois uma tribo tupinambá sediada em Salvador, dificilmente ficava sabendo que uma outra tribo vivendo uns poucos quilometros adiante estaria sofrendo ataques por portugueses, franceses, holandeses ou por quem quer que fosse e por falta de poder central jamais se uniriam para o combate ao inimigo comum, este mesmo motivo que permitiu aos portugueses a rápida tomada de posse no Brasil, também dificultou a introdução logo a princípio de um Governo Geral pois a submissão de uma tribo ao governo geral não significaria a submissão de todas as tribos , a exemplo do que aconteceu no México com os Astecas ou no Peru com os Incas a tal ponto dos Espanhóis levarem o título de conquistadores, coisa que nunca aconteceu aos Portugueses. Outro ponto crucial que pesa contra os portugueses é a questão escravista. Sempre colocado como um povo terrível que escravizou o povo negro africano e sobre os quais paira uma nuvem negra cármica que levará cem anos chovendo desgraças e maldições em suas vidas e de seus descendentes, nosso caso. Esta é a mais grossa bobageira , primeiro de tudo o poder portugues era naval só tinham poderío militar para a costa e jamais conseguria adentrar-se na África para capturar quem quer que fôsse, também não inventaram a escravidão, apenas aproveitou-se de um sistema social vigente na maioria do território africano e até mesmo na África mais civilizada. Aproveitaram-se disto e implantaram esse sistema de escravidão no Brasil em um formato mais cruel e lucrativo. Fazia parte do jogo a participação no tráfico de pessoas de pele negra, tem relato recolhido por Pierre Verger sobre um negro que possuia vários navios negreiros, e em outro relato um negro fundou Porto Novo um importante mercado de escravos na Costa da África ( Costa dos Escravos), e ainda em relação aos últimos dias de tráfico na África a luta terrível entre os Ingleses e os reis de cidades nigerianas quase todos eles escravocratas que lutavam com unhas e dentes para não perder sua fonte de recursos que era a venda de prisioneiros de guerra, homens mulheres e crianças sequestrados, e mulheres sem atrativos físicos, isso levou mais de cem anos de lutas na região da Nigéria e Benin, e na maioria das vezes o motivo era o tráfico de escravos. ( Estas lutas contra o tráfico de escravos no século XIX é contada no "livro de Ellis" logo no capítulo da introdução).
No que tange à etinia negra, não posso falar aqui de todos por falta de informação, porém baseado no povo Ioruba e o povo de Bantu podemos vislumbrar um horizonte para os outros povos. Talvez o mais danoso atentado contra contra os iorubas (negros africanos chegados ao Brasil principalmente no século dezenove) é aquele que foi ensinado nas escolas durante anos, onde é visível a falta de informação e pesquisa, levou nos a crer por muito tempo que os negros africanos chegados ao Brasil como escravos era um povo selvagem, quase um animal e que não tinham alma, os jesuítas lutaram por muitos anos para mudar esta visão sobre o negro africano. Para ser fiel a verdade o que mostra ter acontecido é que os negros chegados ao Brasil nos navios negreiros na condição de escravos eram espólio de guerra e já vinham ao longo do tempo sendo maltratados: pela guerra; pelo aprisionamento; pela longa viagem maltratados a bordo de navios negreiros e até por doenças, quando chegavam ao continente americano eram verdadeiros farrapos humanos mesmo que tivessem sidos reis ou nobres em sua terra natal, muitas outras coisas depõe a favor do elevado grau de civilização destes negros e que não deixavam quase nada a dever à considerada civilização ocidental européia, segundo os capítulos do livro por mim traduzido, vemos que: Eles dominavam a fundição de metais; tinham sistema político e social; viviam em cidades, tinham religião; casamento; cerimônias de funeral; compromisso amoroso; exército; divisão de tempo, reis , nobres, pecuária e agricultura, além de um acervo imenso de contos e lendas.
O negro contribuiu com a sua cultura, sua força de trabalho, sua genética saudável, na formação do povo brasileiro eu só tenho que me orgulhar de ser um brasileiro afro-descendente.
Nota: o povo bantu que chegou ao Brasil antes dos iorubas, era igualmente um povo altamente civilizado.
É um veículo que se propôe a tratar de assuntos do nosso tempo seguindo uma linha de raciocínio livre e honesta moldada em um primeiro trabalho publicado semanalmente por um ano encerrando-se no ano 2001, que se chamava Jornal Livre . Tratava-se de um jornal pioneiro publicado virtualmente no site do IG e recebia correspondência de vários pensantes.
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terça-feira, 31 de março de 2009
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Quem sou eu
- Luiz Carlos de A. Argolo
- Desde sempre atuei como técnico em eletronica, professor de eletronica, fui estudante do curso de física da UFBA.
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